Thursday, August 20, 2015

Terra Incognita

Faz algumas semanas desde minha última postagem e entretanto finalizou-se a fase de reforma, da infra-estrutura do comércio e iniciou-se a fase de desenvolvimento e marketing. Ainda temos alguns desafios com a infra-estrutura como a falta de serviço de internet adequada tenho que organizar ainda a aquisição de novos equipamentos. Porém, todos estes processos estão a caminho.
No momento, a loja depende da possibilidade da chegada de clientes e nesse mercado fraquíssimo, o volume de clientes é muito baixo.  Por isso, temos que cuidar dos clientes existentes e vender mais para eles. Ao mesmo tempo, temos que encontrar muitos novos. Nosso objetivo é triplicar o nível de renda dentro de seis meses. Se não atingirmos este objetivo, a empresa não sobreviverá.
Por isso tenho uma estratégia de marketing com dois pilares principais. Em primeiro lugar, o plano foca na manutenção dos clientes que já temos. Em segundo, temos que atrair e manter muitos novos clientes. Os dois objetivos compartilham várias estratégias.
Por exemplo, é necessário ter as capacidades adequadas na área de recursos humanos e a infra-estrutura.  Por isso, contratei uma terceira pessoa na loja para agilizar o nível de atendimento e a velocidade da produção de obras gráficas.  Mais, organizei uma programa de treinamento, reorganizei a loja, reformei todos os equipamentos existentes e adquiri outros, incluindo, por exemplo, uma nova máquina de cópia a cores e uma máquina de plotagem.  Investi num sistema de software para rastrear e gerenciar as relações com nossos clientes e, finalmente, comprei uma variedade de brindes e introduzi várias ofertas para agradecer nossos clientes fiéis e fortalecer nossas relações com eles. 
O outro pilar da estratégia trata com a aquisição de novos clientes e, o desafio grande aqui, foi nossa falta de conhecimento sobre o mercado. Não sabíamos quem eram nossos clientes ideais, os setores que usariam mais nossos serviços, nem se nós oferecíamos serviços apropriados.  A primeira etapa, então, foi a compra de uma lista de 5 000 nomes de empresas em Curitiba e a contratação de um funcionário, e o trabalho deste foi estabelecer contato com clientes prospectivos, promover nossos serviços, e tentar agendar reuniões com eles para mim. 
Eu associei a empresa com a Câmara Americana de Comércio (Amcham) que oferece vários serviços e recursos aos seus sócios, incluindo uma plataforma excelente para networking com outras pequenas e médias empresas.  Até hoje, encontrei várias oportunidades e estabeleci algumas relações excelentes por causa de nossa participação naquela organização. No dia 27 de agosto, por exemplo,vamos participar em nosso primeiro evento, o Networking Night da Amcham, que é um dos maiores eventos de Curitiba focado no setor de pequenas e médias empresas.  Vai ter mais que 1 100 participantes e, por isso, vai ser uma grande oportunidade para nós. Estamos usando o evento, também, para aprender como participar em eventos desse tipo, porque planejo participar em várias outros no futuro.

Apesar de tudo isso, há pouco acontecendo no dia a dia mas minha vida ainda não está simples ou confortável.  A loja está bem organizada e o nível de atendimento é bem melhor do que antes. Não é mais necessário passar horas pesquisando novos equipamentos, reorganizando processos ou observando os funcionários para melhorar o nível de atendimento.  Mesmo assim, estou muito mais desconfortável e inseguro do que antes porque o sucesso ou a falha da empresa vai depender nos esforços de hoje e não há nenhuma garantia de que minhas estratégias são apropriadas. Vou só ter que ter paciência e aguardar ver o que acontecerá.  Não sou o tipo de pessoa que fica confortável com tanta incerteza.

Tuesday, July 21, 2015

Arregaçando as mangas

Há duas semanas desde minha última postagem, porque estava muito ocupado finalizando tarefas e preparando a visita do gerente da franquia, o Danilo.  Nossa reunião, que durou dois dias, era importante porque precisei a aprovação dele para minha estratégia que envolve a extensão da operação aqui em Curitiba de várias lojas pequenas satélites. Aquele alvo representa um desvio do padrão da franquia aqui no Brasil e, tanto quanto sei, no resto do mundo também. Fora disso, quisemos todos causar uma boa impressão e mostrar nosso compromisso para ele.  Num nível pessoal também eu precisava interagir com alguém com conhecimento profundo do comércio e que podia me orientar e me fazer sentir mais seguro.

Felizmente, a visita foi um grande sucesso. O Danilo achou as mudanças que fizemos impressionantes e elogiou o atendimento na loja, que ele falou que era o melhor da rede.  Eu organizei vários encontros com os consultores de marketing que uso e ele ficou impressionado com eles.  Na verdade, acho que ele vai usar um deles para o ajudar com o crescimento da franquia.  Ele me aconselhou com a seleção de novos equipamentos e esclareceu minhas dúvidas sobre a operação da franquia.

Uma preocupação importante era o fato que, na verdade, assim como a loja, investíamos no estabelecimento da marca da franquia aqui em Curitiba. Normalmente quando alguém compra uma franquia, há sistemas e padrões estabelecidos que o franqueado só tem que aprender e implementar. Estratégias de marketing e de divulgação geralmente existem também, já organizadas pelo franqueador.  Em resumo, uma franquia deve providenciar uma estrutura no qual o franqueado só tem que abrir a porta, empregar funcionários, e operar dentro dos limites e regras já estabelecidos. O leitor das últimas postagens vai saber que, neste caso, essa infraestrutura não existia e que nós tivemos que pagar pelo estabelecimento de todos os sistemas de apoio.

Mas, por que nós investimos nessa infraestrutura se era a responsabilidade do franqueador?  Boa pergunta! Em parte foi porque não tínhamos qualquer outra opção e em parte porque, na minha mente, a falta de regras pode apresentar vantagens ou desvantagens.  Eu sempre gostei dos desafios e, na minha experiência, a PostNet é uma marca forte que tem a capacidade ser bem sucedida. Foi relativamente barata comprar e, por isso, o custo envolvido no estabelecimento da marca aqui em Curitiba ainda representa um investimento razoável.

Fugindo um pouco do assunto, tivemos uma situação similar quando nós compramos nosso último apartamento em Joanesburgo. Lembro o dia que ficamos em pé fora daquele prédio bem antigo que, apesar de estar num bairro nobre, evidentemente precisava de uma grande reforma.  Todos meus sentidos me falavam não considerar ser morador naquela espelunca e nós quase escapamos. Não gostamos do apartamento antigo que a corretora nós mostrou mas, percebendo nossa hesitação, ela insistiu em nós mostrar um outro apartamento que já tinha sido reformado, para nos deixar ver o potencial dos apartamentos no prédio. Basta dizer que compramos aquele segundo apartamento na mesma hora. Lembro de dizer para o Arthur que se o comprássemos, seria necessário atingir o controle do condomínio e dirigir uma reforma inteira do prédio para assegurar o investimento. Dois anos depois, a reforma foi completada e o prédio se tornou a "grande dame" da área. Tivemos sorte porque, logo depois da finalização da reforma, decidimos vender nosso apartamento lindo e mudar-nos para o Brasil.

A razão deste desvio foi explicar que, às vezes, você tem que seguir seus instintos e, apesar que vai envolver muito risco, trabalho e preocupação, pode valer a pena.  Durante sua visita, e baseado em suas impressões de nossas atividades e iniciativas, o Danilo nos ofereceu um bom incentivo.  Ele nos ofereceu exclusividade permanente no mercado da cidade de Curitiba. Nós só teríamos que pagar para as próximas três franquias e depois a cidade inteira seria nossa.  Poderíamos abrir tantas novas lojas quantas quiséssemos sem ter que pagar quaisquer taxas de franquia.  Ele pediu também que nós consideremos a possibilidade de ser franqueados exclusivos para o estado de Paraná e mesmo a região sul do Brasil.

Essa oferta garante nosso investimento no estabelecimento da marca em Curitiba porque ninguém terá permissão de abrir uma PostNet e beneficiar-se as nossas custas. Por isso, aceitei a oferta ser único franqueador  em Curitiba.  Porém recusei a oferta do estado ou da região sul ... no momento.

Monday, July 20, 2015

Descascando o abacaxi

Sempre sabia que o dia chegaria quando eu teria que enfrentar minha falta de entendimento de sistemas financeiros brasileiros.  Eu estava sempre confortável com números e no passado tive uma consultoria financeira mas a variedade de novos processos e documentos que enfrentei aqui me intimidou.  Obviamente os instrumentos mais importantes - balanço patrimonial, demonstrações de resultado e de fluxo de caixa, notas fiscais, etc. - são os mesmos que lá fora, mas os processos periféricos podem ser confusos, principalmente o regime fiscal.

Felizmente meu contador é competente e paciente, e fica contente em repetir o mesmo conselho repetidamente. Apesar disso, decidi que este fim de mês descascaria o abacaxi e teria uma melhor compreensão da contabilidade. Obviamente é importante para o futuro da empresa porque a falta de entendimento financeiro é a primeira razão para a falência de comércios.  Tive que trabalhar com isso todo o fim de semana, mas na segunda-feira de manhã, consegui ligar para meu contador para agendar uma reunião para aquela tarde.  Tudo era quase perfeito, mas tive que refazer algumas partes depois da reunião. Agora, meu sistema de contabilidade está mais ou menos em ordem e tenho mais conhecimento do que está acontecendo nesta área crítica da empresa.

Reformamos a loja mais uma vez no último fim de semana para preparar a chegada da nova balconista. Expliquei as razões para esta nova contratação na última postagem porém ainda sinto que é um luxo ter três pessoas na loja.  Naturalmente, as duas designers estão felizes porque elas podem trabalhar agora com menos interrupções. Tenho que dizer também que a nova funcionária é muita prestativa e entusiasta e que oferecemos agora um alto padrão de atendimento aos clientes.  Mesmo assim, o nível de renda vai ter que subir muito para cobrar os custos extras.

Na segunda-feira eu me encontrei com uma arquiteta para explorar a possibilidade de instalar um co-working em nosso subsolo enorme.  Este projeto envolveria a renovação da loja porque a construtora teria que passar por lá. Seria necessário também instalar uma escada novo e um outro banheiro no térreo.  A reforma da loja não é completamente necessário no momento, mas vai ter que ser feito logo por causa da idade da loja e a condição dos móveis.  Uma reforma permitiria uma grande reorganização e a agilização dos processos de trabalho também.  A primeira etapa vai ser ter conhecimento do custo deste projeto. Depois, posso decidir se o custo-beneficio valerá o preço.

Felizmente há luz no fim do túnel. Ontem dois clientes chegaram, um com um pacote de documentos para enviar para a Índia e o outro, um cliente com uma caixa de bens a ser enviada para a Alemanha. Estes dois envios dobrou nossa renda daquela dia e percebi que, para atingir nossos objetivos, só temos que atrair mais dois ou três clientes por dia com remessas internacionais. Numa cidade de 3 milhões este objetivo tem que ser realizável.

Depois de escrever a parte acima, recebi informações do meu contador sobre os impostos federais e municipais que tenho que pagar para o mês do julho e levei um susto. A renda para o mês de junho foi R$28 300,00. Os impostos sobre esta renda somam quase R$7 000,00 ou quase 24%!!! Inacreditável. Não me surpreende que empreendedores brasileiros tentem evitar pagar impostos.  Um desafio para mim é que a maioria das gráficas concorrentes operem sob um regime tributário diferente no qual é mais fácil evitar pagar impostos.  Nunca percebi que o regime tributário podia ser tão diferente para os diversos tipos de empresa - UMA CONSIDERAÇAO IMPORTANTE PARA OUTROS NOVOS EMPRESARIOS ESTRANGEIROS!!!

Este semana incluí algumas fotos mostrando o interior e exterior da loja.  Nas próximas semanas vou incluir outras mostrando os vários melhoramentos.







Wednesday, July 8, 2015

Implementando melhoramentos

O franqueador confirmou sua visita para Curitiba (de São Paulo) para os dias 16 e 17 de julho e estamos ocupados a preparando.  Recebi permissão do condomínio para substituir uma das portas da loja, que abre para a rua, com uma janela.  Depois desta instalação que está agendada para o dia 13 de julho, nossa fachada será, na verdade, um grande outdoor numa das ruas mais movimentadas da cidade. Junto com a nova placa que foi instalada em junho, vai ser impossível passar pela Rua Visconde de Nácar sem notar nossa loja e sem ser informado sobre nossos serviços.
Nossas três novas linhas de telefone fixo chegaram, finalmente, na última semana e estou desfrutando o prazer de ser capaz de fazer chamadas sem ter que descer para a loja ou usar meu celular.  Deve que ser mais conveniente para as funcionárias na loja também que, agora, podem usar dois telefones e passar cartões de crédito, tudo ao mesmo tempo!  Ainda aguardamos o aumento da velocidade da banda larga, mas tenho confiança que será feito logo. Além de ter internet mais rápida, vamos ter HDTV, que acho que vai melhorar o ambiente na loja.
Tenho observado também os processos de trabalho das funcionárias na loja, mudando alguns hábitos e processos, introduzindo novos conceitos e terminando outros.  Estou ocupado no momento com a criação de um manual para o envio de remessas.  Esse não é difícil, mas é complicado e envolve muitas etapas. Por exemplo, só para obter uma cotação para um envio com FedEx, a balconista tem que passar por sete telas. Essas etapas tem que ser repetidas quando o cliente quiser uma cotação de cada um dos três couriers. Então, depois de escolher uma empresa a funcionária tem que preencher os dados da remessa que envolve a entrado de dados em, ao menos, mais três telas.
Percebi também que há clientes que querem uma cópia ou uma impressão só. O preço para estes serviços são R$0,15 e R$0,20 respectivamente e o lucro não cobre nem mesmo o uso do carpete pelo cliente.  A maioria desses clientes chegam durante a hora de almoço e não querem aguardar atrás de alguém que está enviando uma remessa ou falando com um dos designers sobre gráficas. Por isso, eles constituem mais um transtorno que uma fonte de lucro e portanto, decidi implementar um número mínimo de dez cópias ou impressões com um preço de R$1,50.  Se o cliente estiver feliz por pagar este preço, muito bom. Se não, ele puder ir à copiadora que fica pertinho.
Ontem, tivemos uma emergência pequena, quando uma das funcionárias se atrasou em São Paulo por causa de um voo cancelado.  Há só duas funcionárias no momento e, por isso, eu tive que passar o dia trabalhando na loja. Na verdade foi uma boa experiência para mim, mas achei chato e um grande desperdício do meu tempo.
O nível de renda ainda é muito baixo e não planejava contratar mais uma pessoa porém, depois dos acontecimentos de ontem, percebi que a situação é precária. Se uma delas ficasse doente ou tivesse uma acidente, seria difícil (e chato) para mim trabalhar na loja. Portanto, decidi contratar mais uma funcionária e, pela primeira vez, uma das funcionárias indicou uma amiga dela.  Entrevistei-a e gostei dela.  Temos que confirmar o salário mas minha expectativa é que ela será contratada incialmente em tempo parcial, com a possibilidade de ser integral no futuro.
Coloquei hoje também um anúncio em vários sites para um vendedor externo, que estou planejando contratar dentro dos próximos 30 dias.  Esta pessoa vai ter a responsabilidade importante de encontrar clientes corporativos para nós.
Com todos estes esforços em funcionamento e mesmo com o nível baixo de renda, acredito que nós criamos um fundo forte e estável para o futuro.

Thursday, July 2, 2015

A lua de mel acabou

É sempre muito divertido iniciar um novo projeto de investimento.  É uma temporada na qual ideias reinam. Há bastante dinheiro para a compra de novos ativos e para a reforma de propriedades. Tudo mundo está entusiasmado com o projeto e parece que qualquer desafio pode ser vencido. Mas é sempre importante manter a perspectiva e balançar a necessidade de ser otimista e não aceitar a propaganda que está sendo divulgada sobre o projeto.  Porém, mesmo o optimista mais pessimista nunca está preparado para aquela temporada, depois da abertura ou aquisição, quando ele tiver que enfrentar a realidade que, na verdade, o mundo inteiro não estava aguardando a chegada do novo projeto e que as expectativas dele só serão realizadas com muito mais trabalho.  Estou neste espaço de tempo.

Gastei um monte de dinheiro reorganizando a loja, legalizando software, comprando uniformes, treinando o pessoal, comprando equipamentos necessários, e melhorando padrões em geral e, ainda, o nível de renda e quase o mesmo que antes. Na verdade, depois de analisar a história de renda dos últimos três anos, descobri que a renda anual nunca passou de R$330 000.

Esta situação não é necessariamente problemática. Ainda não estamos prontos para uma avalanche de novos clientes. Enquanto a loja é mais organizada e equipada que antes e o pessoal mais preparado,  ainda não sei se nossos preços estão certos.  Não existe nenhuma evidência de custo e suspeito que o tempo dos funcionários não foi incluído nele quando os preços foram elevados em abril 2015.

Uma outra preocupação é a falta de sistemas de controle. Antigamente o sistema compreendeu a presença permanentemente do dono na loja mas não sou aquele tipo de empreendedor.  Não quero trabalhar como balconista e seria impossível para mim estar no balcão no mesmo tempo em todas as lojas.  Por isso, tenho que criar sistemas de controle e de custo e implementá-los sem desacomodar ou irritar os funcionários.

Estou muito ocupado no momento com o marketing da empresa.  Compreendo que temos um desafio grande na promoção desta empresa.  PostNet oferece principalmente dois tipos de serviço. Remessas internacionais e gráficas e, fora do fato que o mercado está extremamente fraco no momento, o publico curitibano não conhece a marca PostNet. Também, ele não está acostumado em usar couriers em lugar dos Correios e existe uma copiadora ou gráfica em quase cada rua da cidade.   Portanto, a PostNet tem um problema geral de falta de reconhecimento da marca e dois desafios diferentes na divulgação dos dois tipos de serviço. No lado das remessas, tenho que informar e ensinar o mercado sobre o conceito de usar couriers em lugar dos Correios e, no outro, tenho que diferenciar nosso serviço de gráfica na mente dos clientes potenciais. Este é um desafio grande e por isso, contratei uma consultoria de marketing que está me ajudando a criar um plano de marketing.

Fora disso, estamos fazendo pesquisa do mercado, reorganizando e reformando a loja, introduzindo embalagens e brindes e distribuindo panfletos promocionais nas ruas da cidade. Avaliei nossos fornecedores com o resultado que alguns foram abandonados e outros foram introduzidos.  As funcionárias têm um uniforme agora e passo muito tempo com elas treinando-as a pensar numa maneira mais criativa e prestativa.  Oferecemos agora uma maior variedade de serviços e as funcionárias são mais exigentes com a qualidade da mão-de-obra e com o atendimento eles oferecem aos clientes.  A última tarefa foi facilitada pelas personalidades simpáticas das funcionárias. Hoje, ninguém sai da loja sem uma caixa ou sacola rotulada com a marca de PostNet.  Os clientes frequentes e os que compram muito recebem também um brinde.

O processo de estabelecer ou reformar uma empresa também necessita a procura de funcionários apropriados.  Isso apresenta a nós, gringos, um desafio particular por causa dos fatores culturais que discuti na ultima postagem. É simplesmente impossível para nós 'lermos' pessoas adequadamente durante  uma entrevista e, por isso, temos que dar-nos uma chance e esperar que nossas escolhas sejam boas. Às vezes falhamos, e tive que demitir os dois novos empregados.  Felizmente, aqui no Brasil, o empreendedor tem 45 dias para julgar as capacidades dos empregados novos e pode demiti-los durante este período sem envolver-se em processos complicados.  Enquanto a perda de funcionários sempre envolve a perda de dinheiro e representa um desperdício de tempo, acredito que a seleção de uma equipe é um dos pilares mais importantes na fundação de um comercio bem-sucedido.












Wednesday, June 17, 2015

Um modelo ideal para resolver as diferencias culturais

As diferenças culturais são o maior desafio para o empreendedor estrangeiro.  A cultura é o sistema de regras mais fundamental que governa relações entre pessoas numa sociedade. Estas regras se desenvolvem ao longo de séculos e são tão complicadas que demora muito tempo para aprendê-las. A maioria aprende regras sociais através do processo de ser criado numa sociedade mas, mesmo assim, algumas nunca aprendem bem e são condenadas passar a vida em conflito com seus concidadãos.

Pode ser muita agradável e mesmo divertido experimentar diferenças culturais e é por isso que pessoas viajem longas distâncias para conhecer indígenas em amazonas, a família real do Reino Unido, ou os mercados flutuantes da Tailândia.  Porém, é uma coisa visitar um país estrangeiro para algumas semanas e observar as diferenças culturais. É uma outra coisa morar num outro país e ter que se familiarizar com estas diferenças culturais, especialmente quando o estrangeiro é investidor e ter que obter um retorno no seu investimento. Aqui no Brasil, o investidor estrangeiro pode vir a ter vantagens por ser estrangeiro, porém ele está participando num jogo no qual ele raramente tem o mesmo entendimento das regras quanto os jogadores nacionais.

Esta é a minha posição.  Em comparação com a maioria dos imigrantes, cheguei aqui com um bom entendimento da cultura brasileira e do mundo comercial do Brasil. Tinha muita experiência como empreendedor também. Mesmo assim, aprendi rapidamente que a língua não seria meu maior problema. Como falamos em inglês, eu simplesmente não sabia quais botões apertar e quais evitar. Não era só eu que tinha problemas, tenho certeza que meus fornecedores devem sentir medo sobre o futuro dos seus contratos, meus funcionários devem se sentir inseguros, e sei que minha advogada acha que sou uma pessoa muito difícil.

Estou preocupado principalmente com meus empregados. Conto com eles porque eles são responsáveis pela renda da loja e não tenho as habilidades necessárias para trabalhar nas lojas. Ao mesmo tempo, eles tem que ser treinados para ser mais eficientes e produtivos.  O desafio reside em desenvolver e motivar meus funcionários dentro de um sistema de regras culturais que eu não entendo bem.

Estava assistindo uma entrevista recentemente com o David Neeleman, o fundador e presidente da Azul Linhas Aéreas.  O Neeleman é um americano-brasileiro e ele falava sobre suas experiências do mundo comercial brasileiro. Na verdade, ele é um gringo empreendedor também e eu podia me identificar muito com sua história sobre a criação da Azul e percebi que o Neeleman e a Azul podem ser modelos para mim.  Ele tinha encontrado as mesmas diferenças e desafios que eu e ele aplicou várias soluções.  Ele percebeu o jeito do brasileiro e adaptou suas estratégias para as circunstâncias.

A Azul é conhecida no mercado como a melhor linha aérea do país e por isso providencia um modelo para eu usar na minha empresa.  Agora falamos sobre sendo a Azul de servidores oferecendo melhor atendimento e serviços inovadores.  Os funcionários também têm um modelo no Neeleman que eles podem usar para entender como um chefe pode ter ideias diferentes da maioria que ainda podem ser boas.  Começando na próxima terça-feira, vou iniciar uma reunião semanal na qual vamos falar sobre estratégias, planos e problemas e compartilhar ideias e soluções. Nessa primeira reunião vou mostrar uma entrevista em português entre o Neeleman e um professor de marketing.  Vai ser interessante ver a reação deles.

Thursday, June 11, 2015

Uma situação absurda

Após de conhecer o Brasil há oito anos e após de morar aqui há mais que dois anos, estou acostumado aos processos e procedimentos burocráticos, bizarros que definam este país.  Às vezes, porém, acontecem acontecimentos que levam o nível de absurdo às alturas ainda mais inacreditáveis. Estava ocupado com um desses tipos de situações no momento e está historia inacreditável vai ser o assunto desse capítulo do blog.

Nossa PostNet está nesta propriedade há mais que quatro anos e, naturalmente, percebi que seria necessário transferir o contrato de locação do último dono para nossa empresa. Mas, nunca pensei que este processo se tornaria o aspecto mais problemático da aquisição inteira, ou que uma locadora teria tão pouco interesse em manter um inquilino para seu cliente.

No inicio do processo, algumas semanas atrás, a locadora (louca-dora!) pediu um monte de documentos. Estou acostumado a isso e passei algumas horas preparando esses documentos, indo para o cartório para autenticá-los, e os entregando à advogada que tratava do processo para mim. (Regra número um no Brasil - não sair da cama sem o apoio de um bom advogado!!).

O processo demorou algumas semanas por causa de atrasos com a emissão do novo contrato social pela Junta Comercial e, consequentemente, a emissão do CNPJ pela Receita, e o Alvará pela Prefeitura.  Finalmente, estes documentos foram emitidos e o processo reiniciou.  Nem preciso dizer que a locadora decidiu que precisava ainda mais documentos. Na minha vida anterior ao Brasil, eu teria reclamado e perguntado porque ela precisava outros documentos quando as circunstancias não mudaram mas, hoje em dia, eu tenho aprendido que é mais rápido, e menos frustrante, só cumprir.

Tenho que explicar que, aqui em Curitiba, existem regras bizarras sobre a locação de imóvel comercial. Cada locatário precisa de um fiador, mesmo se ele é milionário ou, possivelmente, mesmo amigo do Beto (o Governador). Este fiador não pode ser parceiro no comércio nem ter nenhuma relação com a empresa locatária.  Tem que ser uma pessoa física que seja proprietária aqui em Curitiba e o valor da propriedade seja, ao menos, igual ao custo anual da locação - nesse caso R$52 000. Obviamente estes fiadores são, em geral, parentes do locatário.  Outras alternativas são seguro que, nesse caso, custaria quase R$9 000 por ano ou, se você fosse idiota, a opção existe de colocar R$52 000 numa conta para o prazo do contrato, sem ganhar um centavo em juros.

A advogada concordou falar com a locadora, explicar nossa situação, e negociar uma solução apropriada. Enquanto isso, porém, a advogada me ligou e me informou que a locadora pedia um aumento na aluguel de 16%!!! Fiquei muito bravo e falei, entre outras coisas, que tal aumento não só era ridículo, mas ofensivo também e que, na minha opinião, a locadora tinha prejudicado a relação entre nós, já no início.  Depois de mais conversas, o aumento caiu até 8% por ano mas não me sentia mais confortável.

Então começou o circo de verdade. Aceitamos que não tínhamos acesso a um fiador e que seria necessário pagar o seguro.  Nossa advogada preencheu os formulários necessários e os enviou para a locadora.  Ao redor de uma semana depois, a advogada me ligou e me avisou que o seguro foi rejeitado. Na opinião da Porto Seguro, nossa empresa não tinha a capacidade pagar o aluguel pedido .  Claramente, faltava alguma coisa na documentação que foi enviada para a Porto Seguro porque o aluguel só aumentou 8% e a empresa estava muita lucrativa.

Naquele momento decidi que a advogada era uma parte do problema e que não queria ter mais relações com a locadora, mesmo se o resultado fosse uma mudança para outras instalações. Também percebi que eu teria que ter uma solução permanente para esta barreira ou a problema aconteceria cada vez que nós estabelecêssemos uma nova loja.

Já temos uma relação forte com uma outra locadora que se chama Apolar, na verdade a maior locadora em Curitiba.  Compramos todos nossos apartamentos por eles e hoje eles cuidam das propriedades para nós.  Sempre achamos os funcionários da Apolar prestativas, inovativas, e profissionais. Por isso, depois de sair da advocacia fui para nossa consultora da Apolar e, em menos de 15 minutas, ela oferecia duas soluções. Ela tentaria trocar uma propriedade com a locadora problemática e se concordasse, a Apolar seria nossa proprietária na loja existente e todas as novas lojas. Se ela não concordasse, a Apolar podia oferecer várias outras opções. Estou aguardando a resposta.